quinta-feira, 24 de abril de 2014

Falando do QUEEN - parte 1

História do grupo






O Queen é, sem dúvida, um fenômeno do rock. Não só do rock, como de toda a história da música. Mesmo antes da trágica morte do líder vocalista Freddie Mercury, em novembro de 1991, o grupo já era reconhecido como um dos maiores de todos os tempos. Através da mistura de elementos do pop, rock, glam, electro, funk, ópera, e até mesmo Rockabilly, eles quebraram todas as barreiras estilísticas da música, mantendo-se a frente das tendências de momento, sem tornar-se vítima da moda e mesmo com a quase total falta de cobertura da imprensa musical, seus lançamentos venderam em número cada vez maior.
A história do Queen começa com Smile, uma banda de rock desconhecida do início dos anos setenta, formada por dois estudantes de ciência, Brian May e Roger Taylor. "Coloquei um anúncio no painel da faculdade procurando um baterista que pudesse fazer o tipo de coisa que Hendrix e o Cream faziam, e o Roger era perfeito", Brian nos conta. Brian começou com a guitarra que toca até hoje. O som diferenciado é devido à sua guitarra inusitada, ser construída de madeira do século 19, com ajuda de seu pai. Esta reciclagem surpreendente permitiu a criação de uma infinidade de tons, e Brian inovou ainda mais pelo uso de uma moeda antiga de prata em lugar da palheta de plástico comumente usada pelos outros guitarristas. Houve alguns grupos anteriores ao Smile, mas como Brian disse, "Nenhum desses grupos chegaram em algum lugar porque nós nunca tocamos para valer". O encontro com Roger fez tudo mudar. "Ele era o melhor baterista que eu já tinha visto", Brian admitiu.
Roger Taylor cresceu em Truro, Cornwall, e descobriu suas ambições musicais na juventude, primeiro como guitarrista, e mais tarde como baterista, apesar da desaprovação dos pais. Mas o estrelato exigiria sacrifícios. No verão de 1969, Brian trabalhava como professor de matemática, enquanto Roger vendia roupas de segunda-mão. Segundo Brian, eles sabiam que o Smile não chegaria a lugar nenhum, pois sem um disco próprio, acabavam caindo no esquecimento, mesmo entre as pessoas que apreciavam as apresentações.
Ainda assim, Brian acredita que o grupo estava além de seu tempo. "Existem fitas do Smile que possuem as mesmas estruturas gerais do nosso trabalho atual". Já a entrada de Tim Staffel no grupo foi curiosa. Ele veio para substituir o vocalista, e também para ser o baixista, embora o instrumento de sua preferência fosse o piano. Morava a poucos metros de distância de Brian May, desde que se mudara para a Inglaterra em 1959, mas só foram se conhecer quase dez anos depois. A cena se abre então para Frederick Bulsara, nascido em Zanzibar (parte atual da Tanzânia). Diplomado em arte e design pela mesma escola onde passaram Ron Wood (Rolling Stones) e Pete Townshend (The Who), ele já havia participado de grupos com nomes extravagantes que não deram em nada, mas que aumentaram seu apetite pelo mundo do rock, a ponto de mudar seu nome para Freddie Mercury.
 Na época em que se envolveu com o Smile, ele estava trabalhando com Roger num stand de roupas usadas no Kensington Market em Londres. "Freddie sempre pareceu um astro e agia como um, mesmo quando não tinha um tostão sequer", lembra-se Brian. "Com aquele stand, ele se tornou um dos precursores do glam rock. Quando fomos todos morar juntos, Freddie trazia grandes malas e ia tirando delas algumas peças horríveis de roupas e dizendo: "Olha que roupa linda! Isso vai valer uma fortuna!"" Ainda no Kensington Market, Freddie conheceu Mary Austin, que administrava uma butique lá perto, e os dois viveram juntos por muitos anos. Mesmo quando seu lado gay aflorou, ela continuou sendo sua melhor amiga.
"Freddie era amigo de Tim que compareceu a muitas de nossas apresentações, e fez sugestões irrecusáveis. Naquele tempo, ele ainda não havia tentando ser cantor, e nós não sabíamos que ele podia ser. Nós pensávamos que ele fosse só um músico teatral". Freddie acabou sendo muito mais do que isso. "Quando acabamos com o Smile, foi ele que nos fez voltar, disse que éramos capazes, e que teríamos apenas que ensaiar e nos apresentar melhor no palco. E nós voltamos, reciclando algumas músicas do Smile e de um grupo anterior do Freddie".
Portanto, três peças do quebra-cabeça já haviam se juntado, mas o quadro ainda estava incompleto. Faltava John Deacon, o sétimo baixista a ser testado pelo grupo. Outro estudante de peso, que havia se graduado com nota máxima em eletrônica, seis meses antes de se juntar ao Queen. "Nós sabíamos que ele era o cara certo", disse Brian mais tarde, "mesmo sendo tão quieto, dificilmente falava com a gente..." O nome Queen foi concebido por Freddie, que o considerava "forte, universal e imediato". E seus talentos artísticos foram logo solicitados para a criação do logotipo do "Q coroado" que apareceria nos discos da banda e se tomaria parte integrante da imagem do grupo.
Os signos astrológicos de cada membro foram também incorporados. A ambição corria solta, mas, a curto prazo pelo menos, cobrou seu preço. "Se íamos abandonar nossas carreiras após tanto esforço", dizia Brian, "queríamos conseguir o melhor no campo da música. E nada veio fácil. Para ser sincero, acho que nenhum de nós fazia a menor idéia de que levaríamos três anos para conseguir algum resultado. Não foi nenhum conto de fadas". No ano seguinte, o grupo já tinha material suficiente para gravar nos estúdios De Lane Lea. Foi um acordo inusitado, já que foram como convidados para testar o novo equipamento de gravação a ser usado por clientes em potencial, e portanto não foram cobrados.
Os engenheiros de som com quem trabalharam sugeriram a produtora Trident que contratasse o Queen. E deste modo, o álbum foi gravado nos momentos em que o estúdio não estava sendo ocupado por clientes pagantes. E a EMI Records foi encarregada de lançar os discos no mercado. A banda e o produtor passaram os primeiros meses de 1973 gravando este disco que foi entitulado simplesmente "Queen", mas o desapontamento veio logo em seguida, quando o primeiro hit do álbum foi rejeitado cinco vezes pelas rádios.
Audaciosamente, a banda voltou aos estúdios para gravar "Queen II" em agosto daquele mesmo ano. "Desta vez tentamos ultrapassar os limites técnicos do estúdio", explicou Brian. "Era um sonho para nós, porque não tivemos esta oportunidade no primeiro disco". Três meses depois, o Queen fez suas primeiras aparições ao vivo em vários lugares da Inglaterra, abrindo os shows do grupo Mott the Hoople.
Em março de 1974, o Queen iniciou a sua própria turnê pela Inglaterra. E Freddie já monopolizava as atenções, devido a sua maneira excêntrica de se vestir. Em abril daquele ano, o Queen apareceu pela primeira vez na televisão e causou impacto imediato, levando a música Seven Seas Of Rhye às paradas. O lançamento de Killer Queen em outubro/74 foi um grande marco para a banda. Freddie chegou a ser premiado pela música, que segundo Brian, é a que melhor sintetiza o estilo do grupo, e felizmente apareceu no momento certo".
Ela alcançou o segundo posto nas paradas, e confirmou a presença de Queen no cenário musical. "Muita gente pensava que nós éramos uma banda de heavy metal", disse John, "mas Killer Queen mostrou um lado completamente novo do grupo, e nos abriu um maiorespaço, que certamente atingiu a um maior número de pessoas". O disco se chamava Sheer Heart Attack, trazia na capa a banda toda coberta com vaselina e molhada por uma mangueira! "O resultado final," admitiu Freddie, "é uma banda com quatro elementos decididamente bronzeados e esbeltos, e tão ensopados como se tivessem suado a semana inteira!" Logo, porém, eles estariam suando de verdade, excursionando pela Inglaterra pela terceira vez no ano para consolidar seu sucesso natal.
A turnê de 1974 provocou um frenesi sem igual dos fãs. Em algumas noites, a banda mal podia deixar o palco. Na Escócia, houve até brigas e feridos na platéia. E nos Estados Unidos foram agendados cinco shows em Nova Iorque. Nesta época, a guitarra sinfônica de Brian e o toque diferente do piano de Freddie já eram marcas registradas da banda. Muitas pessoas acreditavam que eles faziam uso de sintetizadores, mas nos primeiros nove discos nunca houve nem sintetizador nem orquestra, e nem mesmo qualquer outro músico além deles apenas. "Bohemian Rhapsody" colocou-os de vez entre os monstros do rock.
Ela levou cerca de três semanas para ser gravada, pois se tratava de três músicas condensadas em uma. Muita gente do showbis duvidava que uma música com sete minutos pudesse chegar às paradas, mas ela emplacou por 17 semanas, no mínimo. Ainda assim, o sucesso nos Estados Unidos demorava para se confirmar, e para piorar, Freddie perdeu a voz no meio da turnê americana. Felizmente, no Japão, as coisas foram diferentes.
Cerca de 3000 garotas esperavam por eles aos berros no aeroporto de Tóquio. O quinto álbum, "A Day at the Races" (1975), foi marcado por uma festa memorável num hipódromo, no sul de Londres. Era a primeira vez que o Queen produzia seu próprio disco, e o sucesso de "We Are the Champions" conquistou finalmente os Estados Unidos. O sucesso do disco foi comemorado num concerto para 150.000 fãs, no Hyde Park, em Londres, com entrada franca.
 Iniciaram assim, uma tradição que foi perpetuada por astros de peso de Pink Floyd a Pavaroti! A imprensa deste período, que se voltava para o punk rock, tentava destronar o Queen de várias formas, mas a resposta do público ainda era impressionante. No palco, as calças de couro de Freddie levantavam insultos da crítica, e ele respondia profeticamente, "Estamos usando apenas nossas próprias armas, e se elas valerem alguma coisa, sobreviveremos".
 Na turnê de 1978, Freddie aparecia carregado por dois fortões vestidos de Superman, como numa provocação. Ao final dos anos setenta, o Queen procurava uma nova fórmula de sucesso para o rock, e ela finalmente veio com "Crazy Little Thing Called Love", música feita no estilo de Elvis Presley, e a primeira a alcançar o primeiro lugar nos Estados Unidos. "Não medimos nossa reputação pelas paradas de sucesso", disse Brian, "mas cada hit que você faz, acaba atraindo um novo tipo de público". No palco, "Crazy" fazia Freddie trocar seu famoso microfone por uma guitarra acústica de 12 cordas, além de trazê-lo com seu novo visual de cabelos curtos E de repente, a crítica voltou a fazer as pazes com o grupo, impressionada ainda mais pela participação da banda num concerto beneficente, em dezembro de 1979, pelo povo de Kampuchea.
O disco "The Game" trouxe o sucesso de John Deacon, "Another One Bites the Dust", que abriu um novo mercado para o Queen: as rádios de música negra. O próximo passo foi a trilha sonora de Flash Gordon. Em fevereiro de 1981 foi a vez de uma grande turnê pela América Latina. "Nós estávamos muito nervosos", admitiu Freddie. "Não tínhamos o direito de criar expectativas num lugar totalmente estranho. E acho que eles nunca tinham visto um show tão ambicioso antes". É claro que o sucesso foi estrondoso. E algum tempo depois, nem mesmo a Guerra das Malvinas impedia que o grupo dominasse as paradas argentinas.
O concerto deles em São Paulo reuniu o número inacreditável de 251.000 pessoas, imortalizando o grupo nas páginas do Guinness Book.
A primeira coletânea de sucessos da banda ficou mais de três anos nas paradas britânicas! Mas o próximo álbum "Hot Space" não atingiu o sucesso esperado e marcou uma pausa na carreira do Queen - a primeira em doze anos de união. Entretanto, Freddie não admitia que se falasse em separação. "Eu achava que ficaríamos uns cinco anos juntos, mas agora estamos muito velhos para desistir". Realmente, a pausa aumentou o apetite por novas músicas.
E o trabalho lançado em 1984, "The Works", trazia pérolas como Radio Ga Ga, de autoria de Roger, e que fez a banda alcançar um feito inédito todos os quatro elementos do grupo tiveram suas próprias composições no hit parade. Outra música, "I Want to Break Free", trouxe um vídeo audacioso, com toda banda travestida de mulher, e arrancou risadas até de seus fiéis seguidores. Mas nos Estados Unidos, teve o efeito inverso. Enquanto o resto do mundo ria, os americanos se ofendiam. Em outubro de 1984, outra controvérsia surgiu: o grupo tocou oito dias na capital da Africa do Sul, e certamente foi acusado de racismo, devido ao apartheid.
Já 1985 iniciou brilhantemente, com dois shows no Rock in Rio, em janeiro, aqui no Brasil. "Primeiramente, fomos à América do Sul como convidados. Mas agora, eu quero comprar o continente inteiro e me tomar presidente", comentou Freddie. O primeiro disco solo de Freddie Mercury chamava-se "Mr. Bad Guy", e era bem diferente do trabalho do Queen. No entanto, não era a música de Freddie que importava para a mídia, e sim sua vida amorosa. Ele já havia admitido publicamente, a exemplo de Elton John, que se sentia atraído por ambos os sexos. Seu relacionamento com Mary Austin, havia se transformado numa forte amizade. E ele admitia que era muito difícil encontrar a companhia ideal.
Mas queria continuar tentando. Com relação ao Queen, a participação no concerto "Live Aid" foi motivo de orgulho para a banda. "Foi um daqueles dias em que nos alegramos por fazer parte do showbusines. O show aumentou a nossa moral, e nos mostrou a força que tínhamos na Inglaterra". O próprio Bob Geldof, idealizador do concerto, elegeu-os como a melhor banda de todas. A turnê Magic Tour teve que adicionar mais datas para apresentações em Wembley, na Inglaterra, pois os oitenta mil ingressos disponíveis foram vendidos imediatamente, apenas por via postal. Mais tarde veio o sucesso da trilha sonora de Highlander.
Além disto, o maior solo de Freddie, "The Great Pretender", atingia as paradas, seguido por "Barcelona" com a cantora de ópera Montserrat Caballé.Em maio de 1989 apareceu o primeiro disco do Queen após 3 anos, "The Miracle", mas Freddie não se dispôs a enfrentar uma turnê. Roger rapidamente reagiu aos comentários sobre o estado de saúde de Freddie. "Que nada! Freddie está mais saudável do que nunca".
Entretanto, Freddie quase não saía mais de sua mansão em Londres. Em fevereiro de 1990, a indústria fonográfica britânica os premiou pela sua importante contribuição para o mundo musical, mas os jornalistas só se preocupavam com a aparência pálida de Freddie. Brian o defendeu: "Ele está bem e não tem AIDS, mas eu acho que o estilo pesado do rock o derrubou. Ele precisa apenas descansar. Em 1991, surge o álbum "lnnuendo", alcançando o primeiro lugar nas paradas, mas os rumores sobre a saúde de Freddie eram maiores do que nunca.
Finalmente, em 23 de novembro de 91, uma curta declaração confirmou o pior. "Seguindo as enormes conjecturas da imprensa, quero confirmar que sou soro positivo e portanto tenho AIDS. Achei correto manter esta informação oculta para proteger a privacidade dos que me rodeiam.
Entretanto, chegou a hora dos meus amigos e fãs ao redor do mundo saberem a verdade, e eu espero que todos, juntamente com meus médicos, lutem contra esta terrível doença. Minha privacidade sempre foi muito importante para mim, e eu sou famoso por não dar entrevistas. Por favor, entendam que esta política continuará".
No dia seguinte, Freddie morreu. A banda logo fez questão de anunciar que sem Freddie Mercury o Queen não poderia sobreviver. "Não há sentido em continuar. E impossível substituir Freddie. Estamos terrivelmente abalados com sua ida, mas muito orgulhosos do modo corajoso com que ele viveu e morreu. Foi um privilégio dividir com ele momentos tão mágicos". Em abril de 1992, um concerto em homenagem ao mestre dos palcos de todos o tempos foi realizado em Londres, no Wembley Stadium. Vários astros compareceram.
De Elton John a Guns N' Roses, Def Leppard a Liza Minelli, todos vieram se despedir de Freddie. De todas as homenagens do dia, a de Axl Rose foi a mais tocante. "Se eu não tivesse conhecido as letras de Freddie Mercury quando era garoto, não sei onde eu estaria hoje. Foi ele quem me ensinou sobre todas as formas de música, e abriu a minha mente.
Nunca houve um maior professor em minha vida". Os 75 mil ingressos para o show venderam em seis horas. "Para muitos fãs", disse Roger Taylor, "este show substituiu o tradicional velório. Foi o modo de todos dizerem adeus". O relançamento de Bohemian Rhapsody não foi o último modo de comemorar a vida de Freddie. Brian May também deixou de lado sua guitarra e sentou-se ao piano para tocar uma nova música chamada "Too Much Love Will Kill You".
E um álbum duplo da última turnê da banda em 1986 foi lançado, lembrando o que o mundo havia perdido. Mas é claro que enquanto a voz de Freddie continuar ecoando nas músicas do Queen, ele e também nós seremos sempre campeões, como ele já previa em We Are the Champions. O Queen é, sem dúvida, um fenômeno do rock. Não só do rock, como de toda a história da música.
Mesmo antes da trágica morte do líder vocalista Freddie Mercury, em novembro de 1991, o grupo já era reconhecido como um dos maiores de todos os tempos. Através da mistura de elementos do pop, rock, glam, electro, funk, ópera, e até mesmo rockabilly, eles quebraram todas as barreiras estilísticas da música, mantendo-se a frente das tendências de momento, sem tornar-se vítima da moda e mesmo com a quase total falta de cobertura da imprensa musical, seus lançamentos venderam em número cada vez maior.
A história do Queen começa com Smile, uma banda de rock desconhecida do início dos anos setenta, formada por dois estudantes de ciência, Brian May e Roger Taylor. "Coloquei um anúncio no painel da faculdade procurando um baterista que pudesse fazer o tipo de coisa que Hendrix e o Cream faziam, e o Roger era perfeito", Brian nos conta.
 Brian começou com a guitarra que toca até hoje. O som diferenciado é devido à sua guitarra inusitada, ser construída de madeira do século 19, com ajuda de seu pai. Esta reciclagem surpreendente permitiu a criação de uma infinidade de tons, e Brian inovou ainda mais pelo uso de uma moeda antiga de prata em lugar da palheta de plástico comumente usada pelos outros guitarristas. Houve alguns grupos anteriores ao Smile, mas como Brian disse, "Nenhum desses grupos chegaram em algum lugar porque nós nunca tocamos para valer".
O encontro com Roger fez tudo mudar. "Ele era o melhor baterista que eu já tinha visto", Brian admitiu. Roger Taylor cresceu em Truro, Cornwall, e descobriu suas ambições musicais na juventude, primeiro como guitarrista, e mais tarde como baterista, apesar da desaprovação dos pais. Mas o estrelato exigiria sacrifícios. No verão de 1969,
Brian trabalhava como professor de matemática, enquanto Roger vendia roupas de segunda-mão. Segundo Brian, eles sabiam que o Smile não chegaria a lugar nenhum, pois sem um disco próprio, acabavam caindo no esquecimento, mesmo entre as pessoas que apreciavam as apresentações. Ainda assim, Brian acredita que o grupo estava além de seu tempo. "Existem fitas do Smile que possuem as mesmas estruturas gerais do nosso trabalho atual".
 Já a entrada de Tim Staffel no grupo foi curiosa. Ele veio para substituir o vocalista, e também para ser o baixista, embora o instrumento de sua preferência fosse o piano. Morava a poucos metros de distância de Brian May, desde que se mudara para a Inglaterra em 1959, mas só foram se conhecer quase dez anos depois.
A cena se abre então para Frederick Bulsara, nascido em Zanzibar (parte atual da Tanzânia). Diplomado em arte e design pela mesma escola onde passaram Ron Wood (Rolling Stones) e Pete Townshend (The Who), ele já havia participado de grupos com nomes extravagantes que não deram em nada, mas que aumentaram seu apetite pelo mundo do rock, a ponto de mudar seu nome para Freddie Mercurv. Na época em que se envolveu com o Smile, ele estava trabalhando com Roger num stand de roupas usadas no Kensington Market em Londres.
"Freddie sempre pareceu um astro e agia como um, mesmo quando não tinha um tostão sequer", lembra-se Brian. "Com aquele stand, ele se tornou um dos precursores do glam rock. Quando fomos todos morar juntos, Freddie trazia grandes malas e ia tirando delas algumas peças horríveis de roupas e dizendo: "Olha que roupa linda! Isso vai valer uma fortuna!""
Ainda no Kensington Market, Freddie conheceu Mary Austin, que administrava uma butique lá perto, e os dois viveram juntos por muitos anos. Mesmo quando seu lado gay aflorou, ela continuou sendo sua melhor amiga. "Freddie era amigo de Tim que compareceu a muitas de nossas apresentações, e fez sugestões irrecusáveis.
Naquele tempo, ele ainda não havia tentando ser cantor, e nós não sabíamos que ele podia ser. Nós pensávamos que ele fosse só um músico teatral". Freddie acabou sendo muito mais do que isso. "Quando acabamos com o Smile, foi ele que nos fez voltar, disse que éramos capazes, e que teríamos apenas que ensaiar e nos apresentar melhor no palco.
 E nós voltamos, reciclando algumas músicas do Smile e de um grupo anterior do Freddie". Portanto, três peças do quebra-cabeça já haviam se juntado, mas o quadro ainda estava incompleto. Faltava John Deacon, o sétimo baixista a ser testado pelo grupo. Outro estudante de peso, que havia se graduado com nota máxima em eletrônica, seis meses antes de se juntar ao Queen.
"Nós sabíamos que ele era o cara certo", disse Brian mais tarde, "mesmo sendo tão quieto, dificilmente falava com a gente..." O nome Queen foi concebido por Freddie, que o considerava "forte, universal e imediato". E seus talentos artísticos foram logo solicitados para a criação do logotipo do "Q coroado" que apareceria nos discos da banda e se tomaria parte integrante da imagem do grupo. Os signos astrológicos de cada membro foram também incorporados.
A ambição corria solta, mas, a curto prazo pelo menos, cobrou seu preço. "Se íamos abandonar nossas carreiras após tanto esforço", dizia Brian, "queríamos conseguir o melhor no campo da música. E nada veio fácil. Para ser sincero, acho que nenhum de nós fazia a menor idéia de que levaríamos três anos para conseguir algum resultado.
Não foi nenhum conto de fadas". No ano seguinte, o grupo já tinha material suficiente para gravar nos estúdios De Lane Lea. Foi um acordo inusitado, já que foram como convidados para testar o novo equipamento de gravação a ser usado por clientes em potencial, e portanto não foram cobrados. Os engenheiros de som com quem trabalharam sugeriram a produtora Trident que contratasse o Queen.
E deste modo, o álbum foi gravado nos momentos em que o estúdio não estava sendo ocupado por clientes pagantes. E a EMI Records foi encarregada de lançar os discos no mercado. A banda e o produtor passaram os primeiros meses de 1973 gravando este disco que foi entitulado simplesmente "Queen", mas o desapontamento veio logo em seguida, quando o primeiro hit do álbum foi rejeitado cinco vezes pelas rádios.
 Audaciosamente, a banda voltou aos estúdios para gravar "Queen II" em agosto daquele mesmo ano. "Desta vez tentamos ultrapassar os limites técnicos do estúdio", explicou Brian. "Era um sonho para nós, porque não tivemos esta oportunidade no primeiro disco".
Três meses depois, o Queen fez suas primeiras aparições ao vivo em vários lugares da Inglaterra, abrindo os shows do grupo Mott the Hoople.Em março de 1974, o Queen iniciou a sua própria turnê pela Inglaterra.
E Freddie já monopolizava as atenções, devido a sua maneira excêntrica de se vestir. Em abril daquele ano, o Queen apareceu pela primeira vez na televisão e causou impacto imediato, levando a música Seven Seas Of Rhye às paradas. O lançamento de Killer Queen em outubro/74 foi um grande marco para a banda.
Freddie chegou a ser premiado pela música, que segundo Brian, é a que melhor sintetiza o estilo do grupo, e felizmente apareceu no momento certo". Ela alcançou o segundo posto nas paradas, e confirmou a presença de Queen no cenário musical. "Muita gente pensava que nós éramos uma banda de heavy metal", disse John, "mas Killer Queen mostrou um lado completamente novo do grupo, e nos abriu um maior espaço, que certamente atingiu a um maior número de pessoas". O disco se chamava Sheer Heart Attack, trazia na capa a banda toda coberta com vaselina e molhada por uma mangueira!
"O resultado final," admitiu Freddie, "é uma banda com quatro elementos decididamente bronzeados e esbeltos, e tão ensopados como se tivessem suado a semana inteira!" Logo, porém, eles estariam suando de verdade, excursionando pela Inglaterra pela terceira vez no ano para consolidar seu sucesso natal. A turnê de 1974 provocou um frenesi sem igual dos fãs. Em algumas noites, a banda mal podia deixar o palco. Na Escócia, houve até brigas e feridos na platéia. E nos Estados Unidos foram agendados cinco shows em Nova Iorque.
 Nesta época, a guitarra sinfônica de Brian e o toque diferente do piano de Freddie já eram marcas registradas da banda. Muitas pessoas acreditavam que eles faziam uso de sintetizadores, mas nos primeiros nove discos nunca houve nem sintetizador nem orquestra, e nem mesmo qualquer outro músico além deles apenas. "Bohemian Rhapsody" colocou-os de vez entre os monstros do rock. Ela levou cerca de três semanas para ser gravada, pois se tratava de três músicas condensadas em uma. Muita gente do showbis duvidava que uma música com sete minutos pudesse chegar às paradas, mas ela emplacou por 17 semanas, no mínimo. Ainda assim, o sucesso nos Estados Unidos demorava para se confirmar, e para piorar, Freddie perdeu a voz no meio da turnê americana.
Felizmente, no Japão, as coisas foram diferentes. Cerca de 3000 garotas esperavam por eles aos berros no aeroporto de Tóquio. O quinto álbum, "A Day at the Races" (1975), foi marcado por uma festa memorável num hipódromo, no sul de Londres. Era a primeira vez que o Queen produzia seu próprio disco, e o sucesso de "We Are the Champions" conquistou finalmente os Estados Unidos.
O sucesso do disco foi comemorado num concerto para 150.000 fãs, no Hyde Park, em Londres, com entrada franca. Iniciaram assim, uma tradição que foi perpetuada por astros de peso de Pink Floyd a Pavarotti! A imprensa deste período, que se voltava para o punk rock, tentava destronar o Queen de várias formas, mas a resposta do público ainda era impressionante. No palco, as calças de couro de Freddie levantavam insultos da crítica, e ele respondia profeticamente, "Estamos usando apenas nossas próprias armas, e se elas valerem alguma coisa, sobreviveremos".
Na turnê de 1978, Freddie aparecia carregado por dois fortões vestidos de Supermen, como numa provocação. Ao final dos anos setenta, o Queen procurava uma nova fórmula de sucesso para o rock, e ela finalmente veio com "Crazy Little Thing Called Love", música feita no estilo de Elvis Presley, e a primeira a alcançar o primeiro lugar nos Estados Unidos.
 "Não medimos nossa reputação pelas paradas de sucesso", disse Brian, "mas cada hit que você faz, acaba atraindo um novo tipo de público". No palco, "Crazy" fazia Freddie trocar seu famoso microfone por uma guitarra acústica de 12 cordas, além de trazê-lo com seu novo visual de cabelos curtos E de repente, a crítica voltou a fazer as pazes com o grupo, impressionada ainda mais pela participação da banda num concerto beneficente, em dezembro de 1979, pelo povo de Kampuchea.
O disco "The Game" trouxe o sucesso de John Deacon, "Another One Bites the Dust", que abriu um novo mercado para o Queen: as rádios de música negra. O próximo passo foi a trilha sonora de Flash Gordon. Em fevereiro de 1981 foi a vez de uma grande turnê pela América Latina. "Nós estávamos muito nervosos", admitiu Freddie.
 "Não tínhamos o direito de criar expectativas num lugar totalmente estranho. E acho que eles nunca tinham visto um show tão ambicioso antes". É claro que o sucesso foi estrondoso. E algum tempo depois, nem mesmo a Guerra das Malvinas impedia que o grupo dominasse as paradas argentinas. O concerto deles em São Paulo reuniu o número inacreditável de 251.000 pessoas, imortalizando o grupo nas páginas do Guinness Book.
 A primeira coletânea de sucessos da banda ficou mais de três anos nas paradas britânicas! Mas o próximo álbum "Hot Space" não atingiu o sucesso esperado e marcou uma pausa na carreira do Queen - a primeira em doze anos de união. Entretanto, Freddie não admitia que se falasse em separação.
"Eu achava que ficaríamos uns cinco anos juntos, mas agora estamos muito velhos para desistir". Realmente, a pausa aumentou o apetite por novas músicas. E o trabalho lançado em 1984, "The Works", trazia pérolas como Radio Ga Ga, de autoria de Roger, e que fez a banda alcançar um feito inédito todos os quatro elementos do grupo tiveram suas próprias composições no hit parade. Outra música, "I Want to Break Free", trouxe um vídeo audacioso, com toda banda travestida de mulher, e arrancou risadas até de seus fiéis seguidores. Mas nos Estados Unidos, teve o efeito inverso.
Enquanto o resto do mundo ria, os americanos se ofendiam. Em outubro de 1984, outra controvérsia surgiu: o grupo tocou oito dias na capital da Africa do Sul, e certamente foi acusado de racismo, devido ao apartheid. Já 1985 iniciou brilhantemente, com dois shows no Rock in Rio, em janeiro, aqui no Brasil.
"Primeiramente, fomos à América do Sul como convidados. Mas agora, eu quero comprar o continente inteiro e me tomar presidente", comentou Freddie. Oprimeiro disco solo de Freddie Mercury chamava-se "Mr. Bad Guy", e era bem diferente do trabalho do Queen. No entanto, não era a música de Freddie que importava para a mídia, e sim sua vida amorosa.
Ele já havia admitido publicamente, a exemplo de Elton John, que se sentia atraído por ambos os sexos. Seu relacionamento com Mary Austin, havia se transformado numa forte amizade. E ele admitia que era muito difícil encontrar a companhia ideal.
Mas queria continuar tentando. Com relação ao Queen, a participação no concerto "Live Aid" foi motivo de orgulho para a banda. "Foi um daqueles dias em que nos alegramos por fazer parte do showbis. O show aumentou a nossa moral, e nos mostrou a força que tínhamos na Inglaterra". O próprio Bob Geldof, idealizador do concerto, elegeu-os como a melhor banda de todas. A turnê Magic Tour teve que adicionar mais datas para apresentações em Wembley, na Inglaterra, pois os oitenta mil ingressos disponíveis foram vendidos imediatamente, apenas por via postal. Mais tarde veio o sucesso da trilha sonora de Highlander.
 Além disto, o maior solo de Freddie, "The Great Pretender", atingia as paradas, seguido por "Barcelona" com a cantora de ópera Montserrat Caballé.Em maio de 1989 apareceu o primeiro disco do Queen após 3 anos, "The Miracle", mas Freddie não se dispôs a enfrentar uma turnê. Roger rapidamente reagiu aos comentários sobre o estado de saúde de Freddie.
"Que nada! Freddie está mais saudável do que nunca". Entretanto, Freddie quase não saía mais de sua mansão em Londres. Em fevereiro de 1990, a indústria fonográfica britânica os premiou pela sua importante contribuição para o mundo musical, mas os jornalistas só se preocupavam com a aparência pálida de Freddie. Brian o defendeu:
 "Ele está bem e não tem AIDS, mas eu acho que o estilo pesado do rock o derrubou. Ele precisa apenas descansar. Em 1991, surge o álbum "lnnuendo", alcançando o primeiro lugar nas paradas, mas os rumores sobre a saúde de Freddie eram maiores do que nunca. Finalmente, em 23 de novembro de 91, uma curta declaração confirmou o pior.
 "Seguindo as enormes conjecturas da imprensa, quero confirmar que sou soro positivo e portanto tenho AIDS. Achei correto manter esta informação oculta para proteger a privacidade dos que me rodeiam. Entretanto, chegou a hora dos meus amigos e fãs ao redor do mundo saberem a verdade, e eu espero que todos, juntamente com meus médicos, lutem contra esta terrível doença.
 Minha privacidade sempre foi muito importante para mim, e eu sou famoso por não dar entrevistas. Por favor, entendam que esta política continuará". No dia seguinte, Freddie morreu. A banda logo fez questão de anunciar que sem Freddie Mercury o Queen não poderia sobreviver. "Não há sentido em continuar.
E impossível substituir Freddie. Estamos terrivelmente abalados com sua ida, mas muito orgulhosos do modo corajoso com que ele viveu e morreu. Foi um privilégio dividir com ele momentos tão mágicos". Em abril de 1992, um concerto em homenagem ao mestre dos palcos de todos o tempos foi realizado em Londres, no Wembley Stadium.
Vários astros compareceram. De Elton John a Guns N' Roses, Def Leppard a Liza Minelli, todos vieram se despedir de Freddie. De todas as homenagens do dia, a de Axl Rose foi a mais tocante. "Se eu não tivesse conhecido as letras de Freddie Mercury quando era garoto, não sei onde eu estaria hoje. Foi ele quem me ensinou sobre todas as formas de música, e abriu a minha mente. Nunca houve um maior professor em minha vida".
Os 75 mil ingressos para o show venderam em seis horas. "Para muitos fãs", disse Roger Taylor, "este show substituiu o tradicional velório. Foi o modo de todos dizerem adeus". O relançamento de Bohemian Rhapsody não foi o último modo de comemorar a vida de Freddie. Brian May também deixou de lado sua guitarra e sentou-se ao piano para tocar uma nova música chamada "Too Much Love Will Kill You".

E um álbum duplo da última turnê da banda em 1986 foi lançado, lembrando o que o mundo havia perdido. Mas é claro que enquanto a voz de Freddie continuar ecoando nas músicas do Queen, ele e também nós seremos sempre campeões, como ele já previa em We Are the Champions. da música. Mesmo antes da trágica morte do líder vocalista Freddie Mercury, em novembro de 1991, o grupo já era reconhecido como um dos maiores de todos os tempos. 

*** Obrigado á todos que me ajudaram com informações.

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